segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O que é e para que serve o Paô

O paô (pronuncia-se paó) é uma seqüência ritmada de palmas, muito utilizada nos rituais de candomblé. Ela é dada numa seqüência de 3 palmas seguidas por 7 palmas, sendo repetidas 3 vezes.

Nos Candomblés antigos, o Yawo (iniciado), enquanto em seu período de recolhimento espiritual para a iniciação não tinha a permissão de falar, e se utilizava do paô para chamar a atenção das pessoas que faziam parte do templo indicando que precisava de alguma coisa. Atualmente esta prática já não é mais tão comumente utilizada, e o Yawo tem permissão para conversar com as pessoas que participam dos trabalhos de preparação. Neste ponto, era utilizado sempre que se queria dizer algo, mas não era permitido falar.

A outro utilização do paô é na comunicação com os Orixás, onde representa o respeito, reverência e submissão do iniciado perante o mistério do Orixá, despertando suas energias e o evocando; uma maneira de dizer “aqui estou para reverenciá-lo, por favor olhe por mim”.

Alguns estudiosos da língua dizem que esta palavra yorubá é a junção de duas palavras, reforçando a idéia de que esta é uma saudação que desperta na Terra as energias do Orixá:
“pa” = juntar uma coisa com outra
“ô”  = cumprimentar

Este gesto milenar remete ao som da chuva caindo sobre o solo e batendo no barro, fazendo com que a natureza dê frutos, germine, fertilize e crie vida.





sábado, 27 de agosto de 2011

O que é Candomblé ? - História do Candomblé

Na África são cultuados manifestações espirituais chamadas de Orixás. Existem centenas de Orixás originais, cada um com suas qualidades especificas, e cada cidade ou nação possuía seus próprios orixás e suas próprias práticas religiosas. Apesar de algumas dessas deidades terem sido comuns entre as mais diversas nações, podemos citar como principais nações africanas a Ketu, Bantu e Jeje.
Com o advento do trafico de escravos entre 1549 e 1888, foram trazidos ao Brasil uma quantidade imensa de negros da África para o trabalho escravo. Estes negros escravizados eram vendidos como simples ferramenta de trabalho para as lavouras, não importando se os mesmos eram Reis, Sacerdotes ou simples trabalhadores rurais em suas terras natais. Todos eram levados até o Brasil e a outros países como Uruguai, Argentina, Venezuela, e escravizado a força. Devido a isso uma grande parte da cultura, da língua, dos dialetos e do conhecimento do povo e dos sacerdotes veio para o Brasil e começou então a se desenvolver uma nova religião baseada nos cultos e ritos que eles tinham em sua terra natal adequada à sua nova realidade escrava, que viria a ser conhecida mais tarde pelo nome de CANDOMBLÉ.
O Candomblé é uma religião monoteísta e embora alguns defendam que cultuem vários deuses, o deus único para a Nação Ketu é Olorum, para a Nação Bantu é Zambi e para a Nação Jeje é Mawu, tendo estes três características similares. Esta diferença existe pois se tratam de nações independentes na prática diária e em virtude do sincretismo existente no Brasil a maioria dos participantes considera como sendo o mesmo Deus da Igreja Católica.
O Candomblé cultua entre todas as nações, cerca de cinquenta das centenas de deidades ainda cultuadas na África. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, são dezesseis as mais cultuadas. A lista de divindades das diferentes nações é grande, e muitos Orixás do Ketu podem ser "identificados" com os Voduns do Jejé e Inquices dos Bantu em suas características.
A organização das religiões negras no Brasil deu-se bastante recentemente, no curso do século XIX, já que antes disso eles eram obrigados a seguir o catolicismo e guardavam suas práticas em segredo disfarçadas como festas de colheita e feriados santos. Como as últimas levas de africanos trazidos para o Novo Mundo durante o período final da escravidão (últimas décadas do século XIX) foram fixadas sobretudo nas cidades e em ocupações urbanas, os africanos desse período puderam viver no Brasil em maior contato uns com os outros, físico e socialmente, com maior mobilidade e de certo modo liberdade de movimentos, num processo de interação que não conheceram antes. Este fato propiciou condições sociais favoráveis para a sobrevivência de algumas religiões africanas, com a formação de grupos de culto organizados.
Desde o início as religiões afro-brasileiras formaram-se em sincretismo com o catolicismo, e em grau menor com religiões indígenas. Em suas senzalas, os negros escondiam o ibá sob o pilão de arroz, único utensílio permitido nesta construção, e dançavam em volta dele louvando seus próprios deuses. O culto católico aos santos, numa dimensão popular politeísta, ajustou-se como uma luva ao culto dos panteões africanos. Como tinham permissão de rezar e pedir graças a estes santos, escavavam os altares e lá depositavam os ibás dos orixás, com as imagens católicas lhes servindo de alegoria, deixando os senhores de engenho felizes pela conversão dos negros que lhe serviam. Como não havia comunicação entre as senzalas, cada grupo adequava os santos da maneira que lhe parecia melhor, e isso hoje se reflete em algumas diferenças regionais de classificação (como São Jorge que no Nordeste é sincretizado com Oxossi e no Sudeste com Ogum).
Até o final do século passado, tais religiões estavam consolidadas, mas continuavam a ser religiões étnicas dos grupos negros descendentes dos escravos. No início deste século, no Rio de janeiro, o contato do candomblé com o espiritismo kardecista trazido da França no final do século propiciou o surgimento de uma outra religião afro-brasileira: a umbanda, que tem sido reiteradamente identificada como sendo a religião brasileira por excelência, pois, nascida no Brasil, ela resulta do encontro de tradições africanas, espíritas e católicas. O candomblé, que até 20 ou 30 anos atrás era religião confinada sobretudo na Bahia e Pernambuco e outros locais em que se formara, caracterizando-se ainda uma religião exclusiva dos grupos negros descendentes de escravos, começou a mudar nos anos 60 e a partir de então a se espalhar por todos os lugares, oferecendo-se então como religião também voltada para segmentos da população de origem não-africana. Assim o candomblé deixou de ser uma religião exclusiva do segmento negro, passando a ser uma religião para todos.
O termo candomblé designa vários ritos com diferentes ênfases culturais, aos quais os seguidores dão o nome de "nações" (Lima, 1984). Basicamente, as culturas africanas que foram as principais fontes culturais para as atuais "nações" de candomblé vieram da área cultural banto (onde hoje estão os países da Angola, Congo, Gabão, Zaire e Moçambique) e da região sudanesa do Golfo da Guiné, que contribuiu com os iorubás e os ewê-fons, que estavam nos atuais territórios da Nigéria e Benin. Mas estas origens na verdade se interpenetram tanto no Brasil como na origem africana.

Blogs Irmãos - Umbanda para Leigos, e os blogs em inglês

Boa tarde a todos,

Aproveitei a vontade de manter um blog como esse e abri também um blog irmão, com o nome de Umbanda para Leigos. Tem a mesma finalidade deste blog, mas voltado às respostas de Umbanda, que prefiro não misturar num só blog. Isso facilita a busca de quem estiver procurando por algo mais específico e evita a confusão que é generalizada para os leigos. O endereço é http://www.umbandaparaleigos.blogspot.com/

Além disso, estes dois sites estão recebendo uma versão em inglês para facilitar acessos internacionais. Terá os mesmos posts que este site, talvez não na mesma velocidade - e o melhor, as perguntas de lá também serão respondidas aqui. Para quem tiver interesse ou curiosidade para vê-los na língua inglesa, segue o link:
http://www.candomblefordummies.blogspot.com/
http://www.umbandafordummies.blogspot.com/

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Porque dormir na esteira ?

O Candomblé tem a crença de que os próprios Orixás viveram por algum tempo na Terra. Naquela época onde a humanidade ainda dava seus primeiros passos há milhares de anos, a vida era muito mais ligada à Natureza e com menos conforto do que experimentamos hoje em dia.

Os iniciados, que ainda estão de preceito devem, por estar com o Orixá muito próximo a eles durante este período, imitar alguns dos costumes que os próprios Orixás tinham quando em sua passagem terrena: dormir em esteiras, comer com as mãos e não secar-se totalmente após o banho, entre outros.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Diferença entre Umbanda e Candomblé

Uma das dúvidas que sempre aparecem é a diferença entre Umbanda e Candomblé. Realmente aqui no Brasil para o público em geral as duas são a mesma coisa e não é raro alguém achar que foi em um Candomblé tendo ido num terreiro de Umbanda e vice versa, mas existem algumas diferenças básicas e determinantes:

1.)    A Umbanda é uma religião cristã, e o Candomblé uma religião pré cristã. As religiões cristãs são aquelas que seguem o exemplo e o sacrifício de Cristo. A Umbanda surgiu em 1908 e conseguiu absorver esta cultura. Já o Candomblé original trazido da África e transformado no Brasil já existe desde antes de Cristo e não incorporou a cultura cristã a suas práticas. Apenas como exemplo podemos citar que o Candomblé se utiliza do sacrifício de animais e a Umbanda não (afinal, já sacrificamos o próprio filho de Deus).

2.)    O Candomblé tem manifestação apenas de espíritos mais evoluídos, que não podem permanecer muito tempo incorporados já que tem uma vibração superior a que nosso corpo físico suporta. Seriam os espíritos de 1º e 2º ordem dos estudos kardecistas ou pais de cabeça da Umbanda. Já a Umbanda, tem a maior parte do seus trabalhos realizados por Caboclos, que são espíritos que estão num nível de evolução superior ao das pessoas encarnadas (e portanto fora temporariamente do ciclo de reencarnações) mas ainda não são tão evoluídos quanto os pais de cabeça. As consultas, passes e trabalhos realizados ajudam a evoluir não só a nós, praticantes da Umbanda, mas também os próprios Caboclos que vem trabalhar.

3.)    Baseado no ponto 2 acima, no Candomblé as consultas para pessoas da assistência ou de freqüentadores são feitas pelo sacerdote (o famoso pai de santo), sem incorporação e que se utiliza dos conhecimentos passados através das gerações. Já na Umbanda, é o próprio Caboclo que faz a consulta, se utilizando dos conhecimentos que possuem para realizar seus trabalhos.

4.)    No Candomblé, existem 16 tipos de Orixás, que possuem qualidades (como subdivisões), mas não possuem nomes próprios – os nomes são ligados à qualidade destes orixás com variações provenientes dos outros santos que regem a vida da pessoa. Na Umbanda existem 7 Linhas, e os Caboclos possuem nomes ligados à sua falange. Para exemplificar, no Candomblé existe o Orixá Exu, que pode ter o nome de Exu Alaketu (ligado ao Orixá Oxossi). Já na Umbanda, existe o Exu, que pode se chamar 7 capas, 7 encruzilhadas, Cobra, Veludo e assim por diante. No geral os Orixás do Candomblé tem nomes em yoruba e os de Umbanda em português. Existem exceções, mas observe o ponto 3 para ter certeza: se for Orixá ele não falará contigo a menos que seja iniciado e tenha cargos específicos.

5.)    A filosofia principal do Candomblé busca a Iluminação através do seu contato e da dedicação a seu Orixá. A contemplação, o desapego e a dedicação a seu santo são as principais características para a realização espiritual do praticante do Candomblé. A filosofia principal da Umbanda busca a Iluminação através da dedicação a seu semelhante. O trabalho social, a ajuda humanitária e o amor a seu semelhante são as principais características para a realização espiritual do praticante da Umbanda. Aqui me vem à mente uma coisa que aprendi desde pequeno, e só soube compreender há pouco tempo: “Todos podem abandoná-lo, mas seu Orixá nunca o abandona”. E também uma outra coisa, que muitas vezes utilizo em minhas reflexões: “Muitas vezes as pessoas não saberão agradecer seus esforços. Mas os anjos que guardam aquela pessoa saberão”.

Haveria muitas outras coisas a se dizer, mas creio que esse é um bom começo. Como sabem os comentários estão moderados para evitar excessos, mas se alguém quiser pode contribuir à vontade e analiso a liberação.

Faça suas perguntas !!

Faça suas perguntas comentando aqui. Como estou iniciando no mundo dos blogs, pode ser que ache uma forma mais adequada de captar as perguntas, mas por enquanto farei por aqui

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O início

Já faz algum tempo, tenho pensado nas dificuldades que tive (e que ainda tenho) de entender o Candomblé, mesmo nas coisas mais simples. Foi árduo o caminho para entender as imolações (sacrifícios), as palvras em Yorubá (língua africana), e mesmo a míriade de entidades que compõe o mundo do Candomblé.

Umbandista por criação e por amor foi com surpresa que recebi a notícia que meu santo solicitava feitura no Candomblé. Por amor a ele e a outro guia que veio do Candomblé fiz minha iniciação e descobri a felicidade que proporcionava a proximidade com o Orixá e a dedicação e contato com estes espíritos, e mesmo não deixando de ser Umbandista aprendi a respeitar e compreender o trabalho desenvolvido pelo Candomblé.

O Candomblé, por sua tradição oral dificulta o entendimento de novos adeptos, e pretendo por este blog apenas um meio para esclarecer de forma simples as perguntas que os leigos venham a ter, e que podem diminuir o preconceito que se tem por esta religião.

Vale lembrar que as opiniões expressas neste blog são de minha inteira responsabilidade, de acordo com os conhecimentos que tenho e que virei a pesquisar para responder às perguntas. Pode ser que com o tempo, as respostas possam ser mais completas ou até mesmo corrigidas; espero que possa ser um Ponto de Luz para aqueles que procuram esclarecimento e iluminação.

Deixei moderação nos comentários para evitar comentários inadequados, mas não desejo fugir às perguntas, mesmo aquelas mais tendenciosas que possam acontecer. Portanto fiquem à vontade para fazer as perguntas no post de perguntas, que as vou respondendo em posts separados.

Axé