Uma das dúvidas que sempre aparecem é a diferença entre Umbanda e Candomblé. Realmente aqui no Brasil para o público em geral as duas são a mesma coisa e não é raro alguém achar que foi em um Candomblé tendo ido num terreiro de Umbanda e vice versa, mas existem algumas diferenças básicas e determinantes:
1.) A Umbanda é uma religião cristã, e o Candomblé uma religião pré cristã. As religiões cristãs são aquelas que seguem o exemplo e o sacrifício de Cristo. A Umbanda surgiu em 1908 e conseguiu absorver esta cultura. Já o Candomblé original trazido da África e transformado no Brasil já existe desde antes de Cristo e não incorporou a cultura cristã a suas práticas. Apenas como exemplo podemos citar que o Candomblé se utiliza do sacrifício de animais e a Umbanda não (afinal, já sacrificamos o próprio filho de Deus).
2.) O Candomblé tem manifestação apenas de espíritos mais evoluídos, que não podem permanecer muito tempo incorporados já que tem uma vibração superior a que nosso corpo físico suporta. Seriam os espíritos de 1º e 2º ordem dos estudos kardecistas ou pais de cabeça da Umbanda. Já a Umbanda, tem a maior parte do seus trabalhos realizados por Caboclos, que são espíritos que estão num nível de evolução superior ao das pessoas encarnadas (e portanto fora temporariamente do ciclo de reencarnações) mas ainda não são tão evoluídos quanto os pais de cabeça. As consultas, passes e trabalhos realizados ajudam a evoluir não só a nós, praticantes da Umbanda, mas também os próprios Caboclos que vem trabalhar.
3.) Baseado no ponto 2 acima, no Candomblé as consultas para pessoas da assistência ou de freqüentadores são feitas pelo sacerdote (o famoso pai de santo), sem incorporação e que se utiliza dos conhecimentos passados através das gerações. Já na Umbanda, é o próprio Caboclo que faz a consulta, se utilizando dos conhecimentos que possuem para realizar seus trabalhos.
4.) No Candomblé, existem 16 tipos de Orixás, que possuem qualidades (como subdivisões), mas não possuem nomes próprios – os nomes são ligados à qualidade destes orixás com variações provenientes dos outros santos que regem a vida da pessoa. Na Umbanda existem 7 Linhas, e os Caboclos possuem nomes ligados à sua falange. Para exemplificar, no Candomblé existe o Orixá Exu, que pode ter o nome de Exu Alaketu (ligado ao Orixá Oxossi). Já na Umbanda, existe o Exu, que pode se chamar 7 capas, 7 encruzilhadas, Cobra, Veludo e assim por diante. No geral os Orixás do Candomblé tem nomes em yoruba e os de Umbanda em português. Existem exceções, mas observe o ponto 3 para ter certeza: se for Orixá ele não falará contigo a menos que seja iniciado e tenha cargos específicos.
5.) A filosofia principal do Candomblé busca a Iluminação através do seu contato e da dedicação a seu Orixá. A contemplação, o desapego e a dedicação a seu santo são as principais características para a realização espiritual do praticante do Candomblé. A filosofia principal da Umbanda busca a Iluminação através da dedicação a seu semelhante. O trabalho social, a ajuda humanitária e o amor a seu semelhante são as principais características para a realização espiritual do praticante da Umbanda. Aqui me vem à mente uma coisa que aprendi desde pequeno, e só soube compreender há pouco tempo: “Todos podem abandoná-lo, mas seu Orixá nunca o abandona”. E também uma outra coisa, que muitas vezes utilizo em minhas reflexões: “Muitas vezes as pessoas não saberão agradecer seus esforços. Mas os anjos que guardam aquela pessoa saberão”.
Haveria muitas outras coisas a se dizer, mas creio que esse é um bom começo. Como sabem os comentários estão moderados para evitar excessos, mas se alguém quiser pode contribuir à vontade e analiso a liberação.
Benção Ogan Marcelo
ResponderExcluirGostaria de lembra-lo que na verdade existem no Brasil mais ou menos 50 Orixas cultuados e não apenas 16 e na Africa são mais de 300. Porem aqui no Brasil os mais conhecidos giram em torne de 16 como você escreveu.